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domingo, 3 de maio de 2020

Cafarnaum (Capharnaüm)

Líbano 2018

Atenção: Contém Spoilers

Vencedor do Grande Prêmio do Juri do Festival de Cannes e famoso por ter sido indicado aos telespectadores pela influente Oprah Winters, esse filme, primeiramente se propõe a colocar em evidência os costumes machistas, as tradições desumanas e as injustiças das autoridades nos cortiços de Beirute, onde muitos refugiados, na maioria Sírios e Africanos procuram sobreviver à miséria, à fome e às doenças causadas pela falta de higiene.
O menino Zain (ótimo trabalho do ator mirim Zain Al Rafeea), está com doze anos de idade e trabalha como ajudante em uma loja para ajudar a família. Ele se revolta ao não conseguir proteger sua irmã mais nova Sahar, quando seus pais entregam a menina para o filho do senhorio como pagamento pelos aluguéis atrasados. A menina só tem 11 anos e ele tem mais dois irmãos menores.
Injuriado com o pai e a mãe, Zain sai de casa e vai tentar viver longe da família. Acaba encontrando ainda mais miséria, fome e injustiças. Conhece uma jovem mãe solteira que não tem com quem deixar o filho de dois anos quando sai para o trabalho, então ele se ajeita por ali, em troca de comida e moradia. Zain é sincero e boca dura (nunca pensei que nesses países se falava tanto palavrão), mas tem bom coração e senso de justiça.
Daí, algo acontece e sua nova amiga acaba presa, então ele vai recorrer a todo tipo de malandragens para sobreviver e cuidar da criança. A mãe presa não pode dizer que é mãe, com medo de perder o filho.
O filme é tocante, triste e angustiante. O desespero é palpável, a falta de perspectivas e de esperança, idem. O país está infestado de traficantes de crianças, coiotes e exploradores de trabalho escravo, tudo é abordado pela diretora Nadine Labaki nas duas horas de filme. Vencido pela crueldade dos humanos, ele acaba enganado por um traficante de crianças e retorna à sua casa para pegar sua certidão de nascimento. É aí que fica sabendo que a irmã morreu por sangramento causado por abuso sexual. Zain vai preso por "esfaquear um filho da puta" como ele mesmo se declara ao juiz no seu julgamento.
Numa visita na prisão, a sua mãe lhe diz que quando Deus tira uma coisa, Ele dá outra em troca, e então revela que está grávida.
Zain responde:
"A senhora é um monstro. Não quero vê-la nunca mais".
Altamente recomendável para quem quiser assistir um grande filme, dramático, atual e duro como um soco no estômago. É daqueles que a gente fica vários dias digerindo.
Nota 8.2 de 10
IMDb: 8.4

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