Vingança (Vengence) – USA 2022 nota 6,0

O filme além de não ser o que eu esperava, ficou bem abaixo das minhas expectativas. Fui confiante no bom histórico do diretor e roteirista B. J. Novak de “The Office”, um cara tarimbado como ator e roteirista na arte de fazer rir.

Mas aqui ele engendrou por um caminho nada convencional (não que isso seja errado), muito pelo contrário, desde que haja criatividade e coerência. Logo no início, já temos uma amostra disto, com diálogos incoerentes e desprovidos de noção. A coisa parece intencional, mas ficamos com um grande ponto de interrogação na cabeça.

Apesar das presenças dos astros Boyd Holbrook e Ashton Kutcher, o filme não decola, não cria suspense, não há mistério, é tudo uma mistureba de situações em que o protagonista (O próprio Novak), um radialista de Nova York que parece especializado em tomar as decisões mais improváveis ao saber que uma garota, com quem ele saiu algumas vezes. aparece morta no Texas diagnosticada por uma overdose.

Ele vê nisso uma história que pode render bons pontos na audiência no seu podcast, pois além da família, ninguém parece muito interessado em investigar a fundo a morte da moça. Ele viaja para lá e a história que nessa hora, deveria ficar interessante, entra numa fase de surrealismo, meio dramática e meio comédia no seu relacionamento com a família da moça, principalmente com o irmão dela (Holbrook).

Não tem nada de novo, criativo ou cativante. É um filminho frio sem maiores atrativos e que serve apenas para passar um tempinho na frente da telinha e não se surpreender e nem ficar impressionado com o final, incoerente e sem emoção.

Com Isabella Amara de “Homem Aranha: De Volta ao Lar”.

Nota 6.0 de 10 => IMDb: 6.8

Tudo Em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo (Everything Everywhere All at Once) USA 2022 nota 7,0

Com nove indicações ao Oscar 2023, inclusive nas principais categorias, Melhor Filme, Melhor Direção, Atriz Principal, Atriz e Ator Coadjuvantes, o filme tem o mérito de apresentar uma história criativa e interessante sobre a onda do momento: “O Multiverso”. Depois de muitas baboseiras Marvenianas e outras imitações, enfim alguém cria um roteiro com alguma inteligência sobre o tema.

A impressão que me passou o filme é que os roteiristas (e diretores) Dan Kwan e Daniel Scheinert, tinham a ideia na cabeça (as inúmeras possibilidades que uma pessoa tem de mudar sua vida a partir de uma decisão).  Então a teoria do Multiverso é usada para dar vida e credibilidade para a história, ao contrário de outros roteiristas que partiram da teoria Multiversiniana para criar seus roteiros, ou seja, usar a teoria do Multiverso para tapar as furadas das suas ideias e não “usar” essa teoria para expor uma ideia preconcebida. Duas coisas completamente inversas.

Ah... então eu acho que o filme merece o Oscar de Roteiro Original?

A resposta é “não”, ou deveria ser: vamos ver, tem muito filme para comparar e eu ainda não assisti todos, além do mais, continuo achando que Multiverso é fantasia, então...

Agora... se algum dia alguém me provar que o Multiverso existe, aí eu retiro tudo que eu disse aqui.

Mas não se baseiem nisso, eu sei que sou chato e o filme não é. É ágil, divertido, movimentado e o elenco dá conta do recado direitinho, sem tirar o mérito dos diretores que souberam explorar muito bem o clima de maluquice da história.

Mas...

Achei a cena dos bilaus gigantes desnecessária e sem sentido, se pelo menos tivesse sido engraçada...

E aquela “sentada” também supera qualquer bizarrice e chega a ser indigna até de um Jackass.

Enfim...

Nota 7.0 de 10 => IMDb: 8.0

Gato de Botas 2: O Último Pedido (Puss in Boots: The Last Wish) – USA 2022 nota 7,2

Candidato com justiça ao Oscar de Melhor Animação em 2023.

O destemido, fanfarrão, valentão conquistador Gato de Botas perde a última das suas nove vidas e a Morte vem busca-lo. Logo ele que sempre riu na cara da Morte, mas e agora?

Depois de fugir e ser acolhido num asilo para gatos e viver um tempo camuflado pra enganar a sua Condutora para o Além, ele descobre que existe a Estrela dos Desejos, uma estrela mágica de destino ignorado que pode realizar um pedido. Mas existe um mapa, e é claro... e existem também muitos candidatos atrás do tal mapa, e é aí que a aventura começa de verdade.

Movimentado, engraçado, com personagens ultra simpáticos, inclusive a Morte, Gato de Botas é interessante do começo ao fim, e o elenco de dubladores (os originais), são um show à parte.

Ludibriar a Morte, roubar o mapa, fugir de um vilão com uma bolsa cheia de apetrechos mágicos, enganar uma família de ursos, uma “Caixinhos Dourados” enfezada, e ainda duelar com sua amada e proteger um amiguinho recém conhecido é muita coisa até para o Gato de Botas. Será que ele dá conta?

Com as vozes de:

Olivia Colman

Antônio Banderas

Salma Hayek

Florence Pugh

Ray Winstone

Wagner Moura como a “Morte”.

Vale cada minuto.

Nota 7.2 de 10 => IMDb: 7.9

Até os Ossos (Bones and All) - USA 2022 nota 6,8

O novo queridinho de Hollywood, Timothée Chalamet em um drama contemporâneo de terror e fantasia.

Mas a personagem central é Maren (Taylor Russel), de “Escape Room”.

Ela é uma adolescente vivendo uma vida aparentemente normal com seu pai, até que de repente um distúrbio genético aflora e então, ela vai precisar viver no submundo da sociedade. No caminho, conhece Lee (Chalamet), que sofre do mesmo mal e Sully (Mark Rylance), outro patológico da mesma doença botando Maren numa corda bamba enquanto viaja pelo país seguindo pistas à procura da sua mãe e se envolvendo com pessoas anormais até um desfecho inevitavelmente trágico.

A história é baseada em um livro escrito por Camille de Angelis, obra vencedora do prêmio Alex Award em 2016.

O diretor é Luca Guadagnino diretor de “Me Chame Pelo seu Nome”, filme premiado com o mesmo Timothée Chalamet.

Eu gostei. É um filme intenso, original e bem conduzido. Não recomendo para quem não gosta de ver sangue, porque a sangueira rola solta em algumas cenas.

Fãs de Rock vão se deleitar com “Lick It Up” do Kiss.

Nota 6.9 de 10 => IMDb: 6.8

Os Fabelmans (The Fabelmans) – USA 2022 nota 7,0

O menino Sam Fabelman sonha ser cineasta. Desde criança é encantado pela sétima arte, mas antes de realizar seu sonho, vai viver dramas, problemas familiares, conflitos, a família que vive se mudando por novas e rentáveis oportunidades de trabalho do pai e a descoberta de um segredo envolvendo sua mãe. A adolescência, a discriminação por ser judeu, os valentões da escola, a primeira paixão, enfim, um novelão orquestrado pela mão leve e ao mesmo tempo cativante de Steven Spielberg.

Apesar de ser uma obra que mescla ficção com autobiografia do próprio Spielberg, para mim é um filme que já foi feito diversas vezes, só mudando mesmo o foco da história. Nada de novo. Não é chato, não tem nada de diferente, mas é um “mais do mesmo” bem feitinho, não é original, mas tem Paul Dano dando um show de interpretação e a reconstituição de época é de encher os olhos.

Michelle Williams está indicada ao Oscar, mas não sei se leva, para mim, a Mia Goth (que não está indicada, bate nela de goleada). O filme está indicado a Melhor Filme, não sei se leva. Spielberg mais uma vez... não sei se leva.

Vamos aguardar.

Com Seth Rogen, Judd Hirsch (Indicado ao Oscar de Ator Coadjuvante) e David Lynch (como John Ford).

Nota 7.6 de 10 => IMDb: 7.7

Era Uma Vez um Gênio (Three Thousand Years of Longing) - USA 2022 nota 7,0

Uma professora de literatura, Alithéa, vivida por Tilda Swinton acaba libertando um Gênio em uma viagem à Istambul.

Como todo Gênio que se preze, Idris Elba lhe concede a ela o poder de ter seus três desejos satisfeitos, claro excetuando-se algumas situações, porque até os Gênios tem suas regras, seus limites e seus códigos de ética.

Até aí tudo bem, só que a história tem um desdobramento diferente da manjada, conhecida, aclamada e miliumanoitífera fábula.

O diretor e roteirista George Miller achou de inventar e acabou se saindo razoavelmente. O filme é leve, interessante, os efeitos são convincentes e a dupla Tilda/Idris é impecável. Só não sei o porque daquelas orelhas de dr. Spock...

Não é ruim, mas George Miller fez “Mad Max: A Estrada da Fúria”, convenhamos que ele já esteve melhor.

Mas chega até a ser um bom programa para quem está cansado de tiroteios, explosões, perseguições, colisões, bofetões, palavrões, super-heróis-super-vilões...

Nota 7,0 de 10 => IMDb: 6.7

90 Minutos (Nightride) - USA 2021 nota 6,0

Filmeco de um pool de produtores que acabou agradando muita gente pelo formato interessante.

O filme deve ter custado uma mixaria, pois se passa praticamente dentro de um alvo móvel, em que um integrante da máfia do tráfico de drogas, Budge (Moe Danford), tem a oportunidade de ganhar um bom dinheiro, sair do submundo e se dedicar à sua paixão: uma oficina para personalizar carros. Para isso, precisa vender um carregamento que caiu de paraquedas (força de expressão) nas suas mãos, mas ele vai enfrentar perrengues e mais perrengues devido a ser um puta de um azarado e ficará rodando pela cidade tentando resolver turbulências e chegar no ponto de encontro da entrega, no tempo combinado com um cliente de maus bofes.

A história se passa em tempo real (ao que se refere o título em português) e tem várias reviravoltas, algumas são esclarecidas, outras ficam implícitas, porque os roteiristas estavam numa bela de uma inhaca e não estavam a fim de explicar muito bem as coisas. Pelo menos é isso que dá a entender.

 Por outro lado, é legal acompanhar o decorrer dos acontecimentos, a lealdade do sujeito com os companheiros e a namorada, e a sua firme convicção em manter o código de honra, mesmo estando entre assassinos.

Serve pra passar um tempinho, mas como eu disse é um filmeco.

Com a atriz portuguesa Joana Ribeiro e Stephen Rea (que só entra com a voz), ele foi o protagonista de “Traídos Pelo Desejo”, filme de 1992, vencedor do Oscar de Melhor Roteiro Original para Neil Jordan.

Nota 6,0 de 10 => IMDb: 5.7