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terça-feira, 30 de março de 2021

Charles Chaplin - O Grande Ditador (The Great Dictator) USA 1940

Em plena segunda guerra mundial, Charles Chaplin escreveu e dirigiu este clássico histórico. Um filme que tem um significado muito maior do que a história que nele é contada, pelas circunstâncias da época, pelo tema polêmico, por sua crítica ferrenha e a coragem do cineasta de satirizar a figura de Adolf Hitler. Inclusive, consta que Hitler foi ao cinema, assistir o filme, só que ninguém diz o que ele achou.

Chaplin é um barbeiro judeu que volta ferido da guerra (a primeira guerra mundial). Ele fica em recuperação por anos e quando sai, acaba surpreendido ao ver seu país, a Tomânia, dominada pelo ditador Hinkel, seu sósia (Chaplin faz os dois papéis). Com isso, o bairro judeu em que ele vive, é constantemente invadido, pilhado e seus amigos vizinhos, agredidos e submetidos aos mais variados tipos de humilhação pelos cruéis soldados da "Double Cross", a irmandade criada por Hinkel numa clara alusão à SS de Hitler.

É então que ele se revolta e ao lado de Hannah, (Paulette Goddard), uma corajosa faxineira, passa a combater  a “Double Cross", ajudado por um dos oficiais de Hinkle, um ex-soldado que teve sua vida salva pelo barbeiro, durante a guerra. 

O filme é um marco do cinema, pois além do seu tema politizado (alguns cinemas se recusaram a exibi-lo no começo, talvez com medo de represálias), esse é o primeiro filme sonorizado da carreira de Chaplin.

É de tirar o chapéu e reverenciar, pois apesar de alguns pequenos furos no roteiro e alguns cortes um tanto abruptos, o filme concorreu ao Oscar como Melhor Filme, Chaplin concorreu como Melhor ator, Jack Oakie como Melhor Ator Coadjuvante, além das indicações para Melhor Roteiro Original e Melhor Trilha Sonora Original.

Destaque para o discurso do barbeiro no final. Uma das cenas mais memoráveis do cinema.

Classicaço!!!

Nota 8.1 de 10
IMDb: 8.4

segunda-feira, 29 de março de 2021

Shaun, o Carneiro: O Filme – A Fazenda Contra-Ataca (A Shaun the Sheep Movie: Farmagedon) - 2020

Uma nave espacial habitada por uma criança de outro planeta, cai perto da fazenda Mossy Botton e Shaun o carneiro, se vê envolvido numa nova aventura, dessa vez, para ajudar seu novo amiguinho extraterreno a comunicar-se com a sua casa e pedir a ajuda de seus pais. O problema maior é que uma sinistra organização do governo, liderada por uma megera de óculos escuros, tenta capturar o bichinho a todo custo.

Parece familiar?

Pois é... não é por acaso. O filme além de imitar a história de “ET, o Extraterrestre”, ainda inclui na sua trilha sonora momentos ilustrados pela música de John Williams para “Contatos Imediatos do Terceiro Grau” e “Also Sprach Zarathustra” de “2001, Uma Odisséia no Espaço”.

É um filme bonitinho, dos mesmos realizadores de “Shaun, the Movie”, de 2015, mas faltou a veia humorística sutil, do primeiro. Mesmo assim, está concorrendo ao Oscar 2021 de Melhor Animação.

Dá para se divertir, se você não for muito exigente. Para mim, o filme ficou meio que infantilizado demais, parecendo um episódio prolongado para a série de TV.

Nota 6.5 de 10

IMDb: 6.9

domingo, 28 de março de 2021

Nove Rainhas (Nueve Reinas) - Argentina 2000

Segundo consta, Ricardo Darin, é o ator que mais fez filmes em toda história do cinema argentino. Aqui ele é Marcos, um malandro trapaceiro que sobrevive aplicando pequenos golpes em cidadãos inocentes puros e bestas no centro de Buenos Aires. Ele vê Juan (Gastón Pauls), um malandro iniciante, tentando dar um golpe manjado na moça do caixa de uma loja de conveniências. Aquele golpe em que o espertinho dá uma nota alta para pagar uma compra de valor irrisório e depois que o troco já está contado, guarda a nota e diz que achou trocado, ficando com o troco e a nota. Não sei como tem gente que cai nesse truque...

É daí então que o malandro experiente, convida o novato para trabalharem juntos e logo surge a oportunidade da vida dos dois: dar um golpe milionário em um ricaço, com a venda de uma série completa de selos raríssimos chamada “Nueve Reinas” e avaliada por baixo em 500 mil dólares. Claro que a série que eles pretendem vender é falsificada.

Muita maracutaia, desconfianças, reviravoltas, chegando num ponto em que ninguém sabe ao certo em quem confiar. É tanta malandragem e surpresas que a gente chega no final do filme, sem saber se alguém estava falando a verdade durante toda a história.

Ótimo filme. Interessante, inteligente e cheio de truques, apesar de alguns absurdos, mas que são inevitáveis nesse tipo de enredo.

Por isso que eu sempre falo: o cinema argentino é melhor do que o brasileiro. Não que o brasileiro seja ruim, o problema é que nossos cineastas adotaram a mania de seguir o padrão Globo de teledramaturgia e daí, muitos dos filmes ficam com cara de novela. Quando resolvem fugir à regra, produzem filmes sensacionais, como por exemplo, “O Alto da Compadecida”, “Cidade de Deus” e “Tropa de Elite”, entre outros.

Nove Rainhas é um filme que vale (muito) a pena, ser conhecido.

Nota 7.8 de 10
IMDb: 7.9

quinta-feira, 25 de março de 2021

Another Round (Druk) – Dinamarca 2020

 
Depois que se consagrou no papel do vilão Le Chiffre no filme “007 - Cassino Royale” em 2006, o dinamarquês Mads Mikkelsen, só vem fazendo bons filmes, além de estrelar com perfeição o seriado Hannibal (2013 a 2015), onde interpreta o personagem imortalizado por Anthony Hopkins em “O Silêncio dos Inocentes” de 1991.

Ele é o protagonista principal desse filme que está concorrendo ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro e conta a história de quatro homens, professores do Ensino Médio, já um tanto entediados com as suas vidas monótonas e perdendo a motivação, num claro início de crise de meia idade. Eles resolvem testar uma teoria (que eu achava ser apenas uma piada criada por irlandeses), que afirma que o ser humano nasceu com uma deficiência de 0,5% de álcool no sangue e para chegarmos ao normal, deveríamos suplementar regularmente nosso organismo. Ou seja, manguaçar diariamente, para estar em equilíbrio.

Só que o álcool, como todos sabem, vicia e com esses caras, não acontece diferente, as crises se transformam em problemas sérios, tanto profissionalmente, como na vida particular.

Apesar do apelo dramático, o filme é alegre e fala de vida profissional, da família e dos valores da amizade.

O diretor Thomas Vintenberg, soube balancear muito bem os níveis de álcool no sangue e nos entrega um filme honesto, sensível, com um ótimo elenco.

Merecida indicação ao Oscar, não vi ainda os outros indicados, mas acho que este, tem grandes chances.

Recomendo.

 Nota 7.8 de 10
IMDb: 7.6

quarta-feira, 24 de março de 2021

Fúria Incontrolável (Unhinged) – USA 2020


Ao levar o filho para a escola, mulher separada (Caren Pistorius), arranja uma briga no trânsito. Ela está tendo um dia péssimo: acordou atrasada, seu advogado ligou dizendo que o seu ex-marido entrou com um processo pedindo a casa e ainda por cima acabou de perder a melhor cliente do seu salão de beleza, então, solta os cachorros em cima do cara que está no outro carro. O que ela não sabe é que o cara é um psicopata assassino e está tendo um dia muito pior do que o dela.
A partir daí, ele passa a persegui-la, mas não é uma perseguição normal, o cara é um maluco homicida, que na véspera tinha assassinado sua ex-mulher e a nova família dela e então, não está dando a mínima importância para o que vai acontecer com ele.
Já dá para imaginar que a coisa vai ficar feia, mas muito feia mesmo para o lado da moça.
Russel Crowe está espetacular como o motorista endemoniado. O filme segura a gente na poltrona pois não dá uma folga para respirar, e apesar de não ser aquele filmaço que vai ficar na história, é diversão garantida para quem curte muita ação, suspense e (por que não), alguns absurdos.
Tem muita gente que vai torcer pelo vilão...

Nota 6.6 de 10
IMDb: 6.0

Munique (Munich) – USA 2005


Logo após o atentado terrorista que foi chamado de Setembro Negro, em que onze atletas da delegação israelense foram mortos por palestinos, membros do estado islâmico durante os Jogos Olímpicos de Munique, em 1972, a ministra Golda Meir, encarrega Avner, um jovem agente do Mossad (Eric Bana, “O Incrível Hulk” do Ang Lee), a caçar em matar os organizadores do atentado. A partir daí, o filme vira uma matança atrás da outra. Avner e mais quatro companheiros são desligados do Mossad, por questões políticas e saem pelo mundo exterminando os culpados.

É um filme baseado em fatos, é longo, 2h42' de duração, não é um espetáculo de encher os olhos e poderia ser mais curto, mas a direção é de Steven Spilberg, e só por isso já vale arriscar o seu tempo.

Cena mais marcante: A morte da assassina holandesa Jeanette (Marie-Josée Croze), simplesmente chocante.

Com Daniel Craig, o mais recente 007 e Geofrey Rush, o Capitão Hector Barbossa de “Os Piratas do Caribe”.

 Nota 7.0 de 10
IMDb: 7.5

segunda-feira, 22 de março de 2021

Sound of Metal (O Som do Silêncio) – USA 2020


A gente já sabia que devido a essa pandemia que se abateu sobre o planeta, 2020 seria um ano meio fraco de boas produções para o cinema.

Os organizadores do Oscar, a premiação máxima da sétima arte, parece que combinaram em deixar isso, o mais evidente possível, tal a qualidade de alguns dos escolhidos que concorrem à estatueta, no próximo dia 25 de Abril.

Um bom exemplo é esse Sound of Metal, um filme sem grandes atrativos que está concorrendo em 6 categorias:

Melhor Filme
Melhor Ator (Riz Ahmed)
Melhor Ator Coadjuvante (Paul Raci)
Melhor Roteiro Original
Melhor Montagem
Melhor Mixagem de Som

Eu não vi bagagem para essa festa toda. Talvez eu não tenha entendido, ou esteja ficando velho. (Só quero deixar claro que adoro Heavy Metal e AC/DC é a minha banda predileta).

Não que o filme seja ruim, só que o filme é... comum...

Ruben (Riz Ahmed), é um baterista que faz dupla com sua namorada Lou (Olivia Cooke), se apresentando em clubes com suas canções de Heavy Metal. De repente ele percebe que está perdendo a audição, não aos poucos, a moléstia vem de repente e em poucos dias o cara está surdo que nem uma porta.

Ele procura ajuda médica e o tratamento indicado é uma cirurgia para a colocação de uma prótese auditiva, só que custa uma nota.

A história fica ali, meio no impasse e enquanto não se resolve, sua namorada dá no pé, meio que inexplicavelmente, mas antes o acompanha até um instituto filantrópico, que ensina para novos surdos a arte da comunicação por sinais. Essa parte é o melhor do filme, mas ainda assim, faltou emoção e mais profundidade. E tem mais: o roteiro permeia com informações irrelevantes (como a dependência química de Ruben, da qual se livrou há quatro anos), além do que, falta verossimilhança, empatia e para ajudar, um final que não vai para lá e nem vem para cá.

Podem me chamar de chato, mas é a minha opinião de momento. E nem acho que Riz Ahmed (o vilãozinho meia boca de “Venom”), tenha se destacado tanto assim, para merecer a indicação.

Dá pra ver, mas não espere demais, que nem eu. Pelas críticas que eu li, achei que eu ia dizer “ooohhhh”, mas só consegui fazer um “blé...”.

Dependendo da premiação, talvez eu dê uma nova espiada, como fiz no ano passado com “Parasita”.

Nota 6.9 de 10
IMDb: 7.8 

sábado, 20 de março de 2021

Uma Noite na Ópera (A Night at Ópera) – USA 1935


Esta é mais uma das maravilhosas pataquadas dos Irmãos Marx.

Aqui, Groucho, Chico e Harpo, aprontam das suas, deixando todo mundo maluco, primeiro numa viagem de navio, onde embarcam meio na clandestinidade para ajudar um casal de namorados a integrar o elenco de uma companhia de ópera que vai se apresentar em Nova York.

Chegando lá, a confusão toda é quando eles passam a sabotar a apresentação, numa estratégia para chamar a atenção dos diretores e produtores para os seus amigos.

Muito humor sem noção, diálogos absurdos, enxurradas de piadas e cenas de humor pastelão, tudo recheado com números musicais, em destaque: Groucho e Chico dando um show no piano e Harpo mostrando suas habilidades numa harpa.

Filme em preto e branco, com um ritmo alucinante. Risadas garantidas em 1h36’ de duração.

Simplesmente imperdível.

Nota 8.2 de 10

IMDb: 7.9

sexta-feira, 19 de março de 2021

Legado Explosivo (Honest Thief) - USA 2020



Liam Neeson, em mais um filme no gênero que o consagrou.

Ele é Tom Dolan, um ladrão de bancos muito sutil, apelidado de “O Fantasma”, porque há 10 anos arromba cofres bancários na calada da noite e ninguém consegue prende-lo.

Mas de repente ele tem um ataque de bobeira, se apaixona, tem um surto de honestidade e resolve se entregar, devolvendo toda a grana roubada, para que seu relacionamento não sofra as consequências do seus atos (dá para acreditar?... então...). O que ele não imaginava, é que os agentes do FBI crescem o olho na grana e vão querer ficar com tudo. De quebra, pretendem tranca-lo no xilindró e jogar a chave fora.

É aí que o bicho pega, porque com Liam Neeson não se faz esse tipo de coisa (acho que os agentes não assistiram "Busca Implacável"). O espírito de fuzileiro baixa no cara, ele foge e  resolve perseguir os bandidos policiais, para provar que eles são gente do mal, enviados do capiroto.

Tirando algumas bobeiras, como a inocência do protagonista em confiar nos agentes e achar que só ia pegar dois anos de cana, somado ao motivo besta usado para ele devolver todo aquele dinheiro (9 milhões de verdinhas), o filme até que distrai. Mas não espere muita coisa, o diretor e roteirista Mark Willimas, é fraquinho de idéias e o filme só vale mesmo pelas cenas de ação. A história, se formos analisar, é uma bela conversa pra boi dormir. Além disso a mocinha (Kate Walsh), por quem o nosso bom ladrão se apaixona, é feinha de doer e faz umas caretas assustadoras.

Com Robert Patrick, O vilão de cristal líquido do “Extermindor do Futuro 2”, Jai Courtney de “O Exterminador do Futuro – Gênesis e Jeffrey Donovan de “Sicário 2”.

Nota 5.8 de 10
IMDb: 6.0 

Minari – USA 2020



Com seis indicações ao Oscar 2021: Melhor Filme, Melhor Ator (Steve Yeun), Melhor Direção (Lee Isaac Chung), Melhor Atriz Coadjuvante (Yoon Yeo-jeong), Melhor Roteiro Original e Melhor Trilha Sonora Original, é um drama contando a história de uma família de imigrantes coreanos, que na década de 80, compram umas terras no interior do Estado do Arkansas e enquanto trabalham olhando bunda de pintos... eitah... ficou esquisito... mas é isso mesmo que Jacob, o pai, define seu emprego, numa cena do filme. Eles são selecionadores de pintinhos em uma granja, ao mesmo tempo em que se arriscam na plantação de vegetais de origem coreana, com a ideia de suprir uma futura demanda, por conta do grande número de imigrantes do seu país.

As dificuldades de adaptação, o filho que tem um problema de saúde e a esposa chata, são alguns dos vários problemas que a família terá que enfrentar.  E o filme é isso... dramático, mas não trágico, alegre, com aquele medo das incertezas, as constantes briguinhas do casal e a fé inabalável do pai.

Para quem gosta do gênero, um ótimo filme, quem prefere emoções mais fortes, troque de canal, mas eu recomendo uma olhadinha. É um filme agradável, o garotinho é ótimo e Steven Yeun, que surgiu em “The Walking Dead”, está muito bem no papel. Só acho que não leva o Oscar, mas não vai por mim, eu não dava nada por “Parasita” no ano passado e errei feio, o filme levou um monte de prêmios importantes...

Só para esclarecer: Minari é uma verdura nativa da Coreia, que segundo a avó, cresce como erva daninha em qualquer tipo de solo.

 Nota 7.5 de 10
IMDb: 7.7

quinta-feira, 18 de março de 2021

Wolfwalkers - Irlanda/UK 2020


Candidato ao Oscar 2021 de Melhor Animação, este filme é quase uma fábula, uma história que fala de uma lenda sobre lobos.

Os Wolfwalkers do título são uma linhagem nobre de lobisomens, criaturas mágicas que são humanos quando acordados e lobos andarilhos quando estão dormindo.

Os últimos de uma geração, uma senhora e sua filhinha Mebh, lideram uma matilha de lobos, habitantes de uma floresta nas proximidades de uma cidade comandada pelo cruel Lord Protector, uma espécie de inquisidor, sempre mal humorado, com a ideia fixa de exterminar os bichos, para que a população composta em sua maioria de colonos e lenhadores, possam derrubar árvores à vontade sem serem ameaçados.

Acontece que a mãe de Mebh, que partiu em busca de um lugar onde possa viver em paz com seus protegidos, não retorna e com isso, sua filha, se encontra sozinha, liderando a matilha e lutando pela sobrevivência.

Robyn é uma garotinha rebelde da cidade, que surge na floresta com a ideia de ajudar seu pai, um soldado fiel de Lord Protector, a caçar lobos, mas o acaso faz com que ela fique amiga de Mebh. A partir daí Robyn, passa a lutar para evitar o ataque e salvar os animais, com isso, descobre um segredo sombrio de Lord Protector.

Acho que o filme tem boas chances no Oscar, embora ainda ache que "Soul" é superior. Tudo vai depender do humor dos votantes.

Eu gostei, apesar do traço pontiagudo na composição dos personagens, coisa que não me agrada totalmente. Mas a direção de arte compensa, com suas cores vibrantes, lembrando clássicos japoneses como “O túmulo dos Vagalumes e a Viagem de Chihiro"”, por exemplo. É como se estivéssemos olhando para telas em exposição.

Quem gosta de desenhos, histórias de lobisomens, cavaleiros medievais, mistério e ação, não deve perder, é um prato cheíssimo.

 Nota 7.5 de 10
IMDb: 8.1

segunda-feira, 15 de março de 2021

Meu Tio (Mon Oncle) – França 1958

 

O ator e diretor francês Jacques Tati, não é muito conhecido por aqui. Já conversei com muita gente que nunca ouviu falar dele. Até eu mesmo, só fui conhecer alguns dos seus filmes depois que passei a me interessar mais "atentamente" pelo cinema, isso, ali pela década de 90.

Meu Tio”, representa bem o jeito Jacques Tati de fazer comédia. O filme mostra o cotidiano de um casal de classe média alta, que tem um filho pequeno e vive numa mansão toda cheia de parafernálias modernas, produtos da fábrica do Sr. Arpel, o pai.

O senhor Hulot (Jacques Tati), irmão da senhora Arpel, é o tio atrapalhado que chega para ajuda-los, buscando o garoto na escola e lhe fazendo companhia, mas o pai, fica de olho, achando que ele é má influência para o filho.

Hulot quase não fala, se expressa mais com gestos, O filme em geral, tem poucos diálogos, mas é cheio de gags visuais, como o cachorro que se assusta com a cabeça do peixe de fora da sacola e as dificuldades de Hulot com os comandos eletrônicos da casa.

Não vai te matar de rir e algumas cenas apenas retratam o dia a dia dos moradores: a feira, os vizinhos, o lado pobre do bairro, algumas travessuras de um grupo de meninos e até as "aventuras" de um grupo de vira-latas. O filme critica o consumismo e a vida de aparências, quando a ostentação faz parte integrante do cotidiano, exemplo: a  preocupação da esposa que liga o chafariz de água azulada do jardim, sempre que chega uma visita importante.

Alegre, agradável, com uma trilha sonora perfeitamente escolhida, o filme pode até não agradar quem prefere ação e piadas mais diretas, mas é uma obra singular, diferente e inteligente, sem ser pretensiosa.

Meu Tio”, levou o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro e o Prêmio Especial do Juri, em Cannes, no ano de 1959.

Vale a pena conhecer.

 Nota 7.6 de 10
IMDb: 7.8

domingo, 14 de março de 2021

Escape at Dannemora – Minissérie - USA 2018

Minissérie em 7 episódios, dirigida por Ben Stiller, que atrás das câmeras, leva as coisas muito a sério. Não que fazer comédia, não seja sério, é que a gente se acostuma a rir com seus personagens engraçados no gênero que o consagrou e um trabalho seríssimo desses, causa certa estranheza. 

Aqui ele leva para as telas a história verídica de Richard Matt e David Sweat, dois prisioneiros que em julho de 2015, conseguiram escapar de uma penitenciária de segurança máxima, a "Clinton Correctional Facility" no distrito de Dannemora, localizado ao norte de Nova York.

O excelente Benício Del Toro e o não menos eficiente Paul Dano, estrelam os papéis principais, mas quem rouba todas as cenas em que aparece é Patrícia Arquette como Tilly, a costureira da prisão que os ajuda na fuga, em troca de favores sexuais, pois pelo que a história nos mostra, o marido dela, que também trabalha no presídio, não vinha sendo muito "participativo" nesse sentido.

Patrícia Arquette, que engordou para fazer o papel, está feia, mal vestida, mal penteada, desleixada, meio sem noção, chegando a até parecer asquerosa em algumas cenas. Não é à toa que a Tilly verdadeira, reclamou da performance da atriz, quando negou em uma entrevista, ter mantido relações com os dois. 

Patrícia Arquette ganhou um caminhão de prêmios pelo papel.

Ben Stiller é um diretor que vai dentro do personagem, cavuca suas emoções e as aflora, levando a gente junto e todo o elenco, correspondeu perfeitamente.
Escape at Dannemora, é uma das melhores, senão a melhor história de fuga de presídio que eu já assisti.
Tenso, assustador, cheio de suspense, claustrofóbico e agoniante. Você chega a torcer pelos prisioneiros, principalmente por David Sweat, o cérebro que projetou todo o plano.
David Morse e Bonnie Hunt, completam o grupo de astros mais conhecidos, mas o restante do elenco, está igualmente impecável.
Se você gosta desse tipo de história, não deixe de ver, é imperdível.
Altamente recomendável.
Nota 8.0 de 10
IMDb: 8.0

sexta-feira, 12 de março de 2021

Soul – USA 2020

 

Joe (voz de Jamie Foxx), é um simpático professor de piano que sonha em se tornar um músico famoso, até que surge a chance de tocar como substituto na banda de Dorothea Williams (Angela Basset), uma musicista de Jazz famosíssima.

Só que no dia do show, o pobre Joe sofre um acidente e embarca para o além.

Inconformado com o seu destino, ele tenta de todas as maneiras, fugir de lá e voltar para a terra, até que vai parar numa área destinada a novas vidas, almas que estão sendo preparadas para o nascimento.

Ele conhece a 22 (Tina Fey), uma alminha que vive fugindo, porque não quer saber de descer na terra e juntos acabam, quase por acidente vindo parar no mundo físico.

Só que, 22 a agradável e rabugenta alminha, encarna o corpo de Joe e ele encarna em um gato.

É a partir daí que o filme entra numa correria, pois eles ficam sabendo de um jeito complicado de trocar de corpo, o que precisa ser feito até ás 19h00 daquele dia, para que Joe possa participar do show junto com a Dorothea.

É uma animação adorável, os personagens são bonitos, expressivos, cativantes. Os cenários enchem os olhos. A 22, tem uma carinha que é uma graça e Joe é a simpatia em forma de personagem animado.

Pena que o diretor Pete Docter, o mesmo de “Divertidamente”, achou de arranjar uma solução forçada para a sequência final da história, estragando um pouco a fluidez da diversão.

O final também não me agradou, muito. Se ele já tinha mesmo forçado uma situação, deveria ter dado mais uma forçadinha para melhorar aquele final.

Bom... é só a minha opinião tá. Me desculpem, acho que dei alguns spoilers.

Mesmo assim, recomendo a todos que assistam. Na trilha sonora tem Bob Dylan e Herbie Hancock, entre outros. A brasileira Alice Braga, participa como uma das vozes na dublagem. O filme ganhou o Globo de Ouro de Melhor Animação e é um forte candidato a levar também o Oscar.

Nota 7.8 de 10
IMDb: 8.1

quinta-feira, 11 de março de 2021

Abaixo de Zero (Bajocero) Espanha 2021

  

Martin (Javier Gutierrez), é um policial certinho e rigoroso, um policial modelo, seguidor das regras do seu trabalho, que de repente é contemplado com a missão de dirigir um ônibus penitenciário para a transferência de meia dúzia de presos. Isso, numa avançada hora da noite (por que de noite?). Já Montesinos, o seu companheiro de viagem, não é lá muito apegado a regras, mas isso não aparenta ser nenhum problema sério.

Acontece que lá fora tá um frio de congelar pinguim e o ônibus (que tem calefação interna e muita segurança), acaba sendo atacado numa estrada deserta (por que ir por uma estrada deserta? tsc tsc tsc...) e a escolta, um carro estava com dois agentes, de cara já é colocado fora de combate.

O ônibus então, fica à mercê de um sujeito que sabe exatamente o que está fazendo e para piorar as coisas, uma rebelião interna acaba de fu@#%$&er de vez com o que parecia ser uma tranquila transferência de delinquentes.

Martin então, tem que se virar para controlar o interior do coletivo prisional, ao mesmo tempo em que precisa combater a ameaça externa, tudo isso numa temperatura capaz de rachar beiço de esquimó.

O filme é um suspense policial que se sustenta na sua premissa, uma história atraente, numa condição extrema e um assassino perigoso.

Não é nenhuma obra prima, mas segura o interesse da gente e apesar de algumas mancadas no roteiro, é um passatempo até que bem agradável.

Prefira o áudio original, legendas atrapalham um pouquinho, mas a língua espanhola combina perfeitamente para expressar os perrengues passados pelo grupo.

Nota 6.7 de 10
IMDb: 6.2

terça-feira, 9 de março de 2021

Yojimbo, O Guarda Costas (Yôjimbô) - Japão 1961 / Por um Punhado de Dólares (Per un Pugno di Dollari) - USA 1964

 

Em 1961, mestre Akira Kurosawa dirigiu Yojimbo, filme que conta a história de um samurai, interpretado pelo astro japonês Toshiro Mifune. Este Samurai, um espadachim mais rápido do que o pensamento, chega em um vilarejo e se depara com uma guerra entre dois grupos rivais, pelo controle e soberania do lugar.

Vendo ali uma chance de ganhar dinheiro, ele oferece seus serviços, primeiramente a um dos grupos e depois ao outro, fazendo uma espécie de leilão, mas sua intenção na realidade, era fazer um jogo duplo para que as gangs continuassem se matando enquanto ele ia lucrando e levando os dois chefões no bico. Mesmo com um astro do calibre de Toshiro Mifune e a belíssima fotografia em preto e branco, o filme envelheceu um pouco, mas nunca deixará de ser uma referência na história do cinema.

Observação: Apenas 16 anos depois dos bombardeios atômicos que devastaram Hiroshima e Nagasaki, causando grande trauma no povo japonês, o país se reconstruía e o cinema japonês em plena atividade, já estava produzindo obras primas como essa.

Em 1964, Sergio Leone, jovem cineasta italiano (então com 35 anos de idade), fã de Kurosawa e especializado em Westerns Spaghetti, ou Bang Bang à Italiana, como conhecemos, sabendo que o Japão era longe pra caramba e achando que ninguém ia se dar conta, viu na obra do seu mentor, uma história que se encaixava perfeitamente dentro do seu estilo. Então, meio na surdina, ele escreveu o roteiro em parceria com alguns amigos e filmou lá pelas bandas do seu pais, “Por Um Punhado de Dólares” com o americano Clint Eastwood no papel principal e Gian Maria Volantè, astro italiano da época, como um dos vilões. Ainda chamou seu já então parceiro, o maestro Ennio Morricone para compor a trilha sonora e, voilá... oops... isso é francês, em italiano seria ecco qui! Ou alguma coisa parecida.

O filme ficou assim:

Um pistoleiro chega no povoado mexicano de San Miguel e o encontra envolvido por uma guerra entre dois grupos de malfeitores, que há algum tempo, vem se matando para assumir o controle da cidade. Percebendo que o cara é fera com uma arma, os dois lados procuram contratá-lo. Ele vê ali a chance de jogar nos dois lados e faturar em dobro o dinheiro oferecido.

O filme foi um sucesso imediato de bilheteria e logo depois, estava sendo exibido nas salas americanas, conquistando uma legião de fãs para o gênero.

Tanto sucesso não poderia ficar impune e mestre Kurosawa, junto com a sua produtora TOHO, entraram com uma ação, pedindo uma milionária indenização por plágio. A ação foi julgada procedente e a indenização foi paga, mas não consegui descobrir de quanto foi.

Só sei que os filmes se tornaram clássicos e até hoje são amados e reverenciados pelos aficionados e cinéfilos de uma maneira geral.

Duas sequências foram produzidas como sequência de “Por Um Punhado de Dólares”, alcançando enorme sucesso, se tornando o que foi chamado de Trilogia dos Dólares:

 Por Uns Dólares a Mais” em 1965 e “Três Homens em Conflito” em 1966. Este último, para mim está entre os TOP 10 de melhores filmes de todos os tempos e o tema, composto por Ennio Morricone, para mim, é a música número 1 de todas que já foram compostas para o cinema.

Vamos às notas:

Yojimbo:
Nota 7.9 de 10
IMDb: 8.2

Por Um Punhado de Dólares:
Nota 7.8 de 10
IMDb: 8.0

sábado, 6 de março de 2021

Run Hide Fight - USA 2020

 
Escola é dominada por um grupo de quatro estudantes (três marmanjos e uma garota). Eles chegam armados até os dentes numa caminhonete carregada de explosivos e após matarem vários alunos e professores, fazem vários reféns passando a exigir notoriedade. Querem aparecer nos meios de comunicação e nas redes sociais, a fim de divulgar suas ridículas ideias subversivas. Acontece que Zoe Hull, uma aluna com treinamento em armas de fogos e técnicas de sobrevivência, fica escondida e passa a combater o grupo de psicopatas.

Variação teen de “Duro de Matar”, filmaço de 1988, que rendeu várias continuações e um sem número de imitações.

Acontece que a garota, Zoe Hull (Isabel May), não é John McCLane (Bruce Willys), o vilão não é Hans Gruber (Alan Rickman) e o diretor se chama Kyle Rankin e não John Mc Tyernan. Mesmo assim, o filme é simpático e prende a gente na frente da telinha, na sua 01h49 de duração.

Tirando algumas bobagens inseridas para encher linguiça, como por exemplo, o fantasma da mãe da garota que vive aparecendo para orientá-la e um violãozinho discursivo, chato pra dedéu, o filme diverte, sem comprometer.

Temos ainda a presença ilustre de astros que andam meio jogados pra escanteio, na terra do cinema: Thomas Jane, como o pai da garota, Radha Mitchel como a mãe do outro mundo e Treath Williams como o Sheriff Tarsy.

Vale uma conferida.

Nota 6.6 de 10
IMDb: 6.4

sexta-feira, 5 de março de 2021

Relatos do Mundo (News of The World) - USA 2020

 

O coronel reformado Jefferson Kyle Kidd, é um ex militar que ganha a vida viajando pelas cidades do velho oeste, levando informações para as pessoas. Ele carrega consigo um pacote de jornais, prepara um local para o evento, cobra 10 cents de cada cidadão e lê as notícias para a plateia. 

Saindo de Wichita Falls, enquanto se dirige para a próxima cidade de sua rota, ele encontra uma menina perdida na mata. Descobre que ela teve seus pais assassinados e que foi raptada pelos índios Kiowa há uns seis anos.

Decide então atravessar mais de 600 quilômetros, passando por ambientes selvagens e territórios indígenas, para levar a menina para seus tios e nesse trajeto, vai viver aventuras e lutar pela sua sobrevivência e a da garota.

Faroeste dramático dirigido por Paul Grengrass, o mesmo diretor de “Capitão Phillips”.

Tom Hanks como sempre, está ótimo no papel principal e no papel da menina perdida, a atriz mirim alemã Helena Zengel. Ela nasceu em Berlim no ano de 2008 e estrelou um filme alemão chamado Transtorno Explosivo em 2019. Foi o grande destaque do ano, no seu país. O filme concorreu a uma indicação ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro e ela ganhou fama instantânea. Vieram vários prêmios de melhor atriz, ou atriz revelação em festivais pelo mundo afora e com tudo isso, a garota carimbou seu passaporte para Hollywood. (veja a crítica de Transtorno Explosivo aqui mesmo, no nosso blog).

Relatos do Mundo, é um pouco longo (01h59), mas é agradável de se ver, tem uma dose moderada de ação e uma boa carga dramática. Está indicado ao Oscar 2021 em duas categorias. Gostei bastante. Eu sou fã de filmes de faroeste, então sou meio suspeito na minha avaliação, mas recomendo a todos.

Nota 7.0 de 10
IMDb: 6.8


quarta-feira, 3 de março de 2021

Freaky - No Corpo de Um Assassino (Freaky)


USA 2020

Garota de 17 anos, tímida e introvertida, daquelas que vivem sendo humilhadas pelas amiguinhas maldosas da escola, é atacada por um serial killer do tipo Jason de Sexta-feira 13. Ela escapa com vida, mas no ato do seu quase cancelamento de CPF, troca de corpo com ele, numa daquelas manjadas maldições que só mesmo os roteiristas que não tem mais o que inventar, ainda utilizam para escrever suas histórias.

O filme é daqueles terror que não dá medo, na verdade é uma comédia com assassinatos, carnificina, perseguições e muito gore (sanguinolência).

Quem salva o filme de ser uma besteira total, é a presença do ótimo Vince Vaughn como o assassino e também no papel da garota, depois que trocam de corpo. Kathryn Newton, também se sai razoavelmente bem nos dois papéis e o filme decorre num tom leve e divertido.

É tipo uma sessão da tarde incrementada com alguns baldes de sangue.

Se você não liga, divirta-se, não é de se jogar fora. Se o tema não te agrada, mantenha distância.

Nota 6.5 de 10
IMDb: 6.3


Dias Perfeitos (Perfect Days) - Japão/Alemanha 2023 nota 7,8

Indicado ao “ Oscar de Melhor Filme Estrangeiro ” e dirigido pelo prestigiado  Wim Wenders “ Asas do Desejo ”, “ Paris Texas ”, Dias Perfei...